Curso de Jornalismo discute “plágio” em palestra no Paulo Freire

Evento teve como convidado o professor da UFF, Guilherme Nery Atem – por Lucas Meireles, Letícia Sabbatini e Bruno Cardoso.

 

O curso de Jornalismo trouxe, dia (05/04), no Auditório Paulo Freire (ICHS),  o professor do curso de Comunicação da UFF, Guilherme Nery, para ministrar a palestra “Ética e Plágio na Academia e na Cultura”.

Apresentado pela mediadora, professora Rejane Mattos (DLC), o palestrante iniciou o evento explicando ao público, que lotava o auditório (cerca de 200 participantes), sobre como chegou a este tema, contando sobre uma experiência que viveu em uma faculdade particular na qual trabalhava. À época, em participação em bancas de TCC e ao final da entrega de trabalhos para as disciplinas, constatou uma grande presença de trabalhos copiados da internet pelos alunos.

“Na Universidade privada, o comércio atravessa a educação do aluno”, afirmou Guilherme.

O professor também falou de sua participação na criação da Comissão de Avaliação de Autoria, em 2008, e na elaboração da cartilha “Nem Tudo Que Parece É: Tudo Sobre Plágio“, lançada em 2010 pela Universidade Federal Fluminense (UFF). 

Professor Guilherme Nery ao lado da professora Rejane Mattos (Foto: Letícia Sabbatini)

Após comentar sobre alguns casos de plágio na graduação, pós-graduação e doutorado, o professor explicou os tipos que costumam acontecer: integral (quando é copiado o trabalho inteiro), parcial (quando se reúne trechos de vários autores e os “costura” com as próprias palavras), conceitual (quando se utiliza as ideias de outros autores como suas) e o autoplágio (quando o próprio autor requenta uma obra antiga como se fosse nova).

Código Civil e Penal

Segundo Guilherme, na legislação brasileira não há tipificação do que exatamente é considerado plágio. Por conta disso, os casos quase sempre são enquadrados juridicamente como crime de falsidade ideológica.

O professor também falou da relação entre obras e direitos autorais, citando as regras de copyright (registro que proíbe a reprodução por parte de terceiros) e copyleft (registro de livre direito de cópia).

O palestrante apresentou também  alternativas como as licenças creative commons (que possui 5 níveis que vão do mais restrito, onde só pode citar a obra com o nome do autor e da forma em que se encontra, ao mais “maleável”, que permitem a livre edição) desde que fique estabelecido quem é o autor do original.

Público composto por alunos e professores de diversos cursos como Ciências Sociais, Filosofia, Jornalismo, Letras entre outros. (Foto: Letícia Sabbatini)

 

“Você vê a qualidade ética de uma pessoa a partir de um momento em que ela toma uma atitude diante da dificuldade”.

 

Aspectos sociais

O palestrante explorou ainda algumas possíveis motivações que levam à realização de plágio especialmente dentro das universidades como a desvalorização de si, a sensação de anomia (ausência de regras) ética, o individualismo, a confusão entre potência e direito e a facilidade de uso das NTIC’s (Novas Tecnologias de Informação e Comunicação), pois, segundo o professor, “a invenção de uma nova tecnologia altera nossa maneira de lidar com o real”.

“O aluno quando diz que plagiou porque não teve tempo de pesquisar, eu respondo plagiando (parafraseando) Kant: Você vê a qualidade ética de um pessoa a partir de um momento em que ela toma uma atitude diante de uma dificuldade”, afirmou ainda o docente.

Outro motivo apontado por Guilherme foi a intensificação e a precarização das pesquisas. Segundo o docente, a lógica do “fast science” (ciência rápida) tem imperado entre os pesquisadores. Por causa disto, frequentemente o vê colegas de profissão realizando o chamado “autoplágio” (re-publicação de artigos antigos, levemente modificados, como novos). Contudo, já há um movimento de profissionais a favor da “slow science” (ciência devagar), com mais tempo e liberdade para a atividade de pesquisa.

O professor também citou alguns casos de plágio na Academia, na indústria e na cultura. O autor citou casos como o do ex-presidente da Hungria, deposto após ser perder o título de Doutor por plagiar em sua tese de doutorado, bem como da montadora chinesa condenada por copiar um carro de uma montadora alemã e também uma reportagem sobre diversos casos de plágio produzida há alguns anos atrás pelo Jornal O Globo.

Ao final foi disponibilizado um tempo para o público pudesse fazer perguntas ou observações sobre o tema. Entre os que pontuaram esteva a diretora do ICHS, Maria do Rosário Roxo, que lembrou a importância, enquanto Universidade, de formar alunos pesquisadores.

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